terça-feira, 21 de abril de 2015

O mal e o bem


Os super-heróis estão em alta, gerando milhões de dólares de lucro para o cinema americano. E isso acontece por um motivo simples: eles sabem que a batalha entre o bem e o mal nunca sai de moda.

Quando se tratam de histórias infantis ou de ficção, o suspense momentâneo caminha ao lado da certeza de que no fim da história, veremos a vitória do lado bom da força. Mas por que quando se trata de nossas vidas essa certeza parece tão distante de nós? O mal da vida real nos parece mais assustador que os vilões dos quadrinhos? Ou o bom da vida real não nos convence? Hoje, uma crônica sobre o mal e o bem.


Como disse anteriormente no texto sobre amar as diferenças, as figuras do "anjinho" e do "diabinho" estão muito presentes na nossa cultura, indicando que esta batalha entre o bem e o mal acontece dentro de nós. Sim, isso é verdade. Mas não sejamos tão ingênuos quanto a isso.

Se existem forças opostas dentro de nós, nos dizendo o que devemos e não devemos fazer, nem sempre é tão fácil compreender essa ambivalência. Pois além disso, nós temos a tendência inata a buscar o nosso prazer próprio em detrimento dos outros. E aí o que pode parecer "anjinho" pra mim torna-se "diabinho" na vida dos outros.


Desta ambivalência nossos contos de fadas e histórias de heróis estão cheios. A maçã envenenada dada pela bruxa para a Branca de Neve, para tornar a ser a mais bela das mulheres. A ladroagem de Robin Hood, justificada pela divisão de bens dos que tinham mais aos que tinham menos, mas que mesmo assim se tratam de roubos e furtos. Enfim, não nos faltam exemplos.

E o que torna tudo isso um fascínio para crianças e adultos até os dias de hoje é a proximidade de toda essa luta dentro de cada um de nós. No fundo, todos nós gostaríamos de ter super poderes e resolver os nossos problemas como num passe de mágica. Mas nosso Deus não deu poderes a um homem em detrimento dos outros. Ele nos criou com as mesmas possibilidades.

(Une enfance dans la lune, de Benoit. Obra de 2007)

Tudo o que há de bom vem de Deus. Ele é a própria essência da bondade, e qualquer acesso Dele à maldade o tornaria em outra coisa que não fosse Deus.

Tudo que há de mal vem da concupiscência de nossa carne. Nossa inclinação ao prazer egoísta nos leva ao pecado, que sendo consumado, leva a morte (Tg 1, 15). E aqui a Bíblia não diz sobre a morte da corpo, que é finito e pecador. Mas fala sobre a morte do espírito, que é aquilo que nos mantém em comunhão com Deus.

A vitória do bem sobre o mal não é portanto uma questão de conversão, mas de convencimento. A vitória já nos foi dada, basta aceitá-la e vivê-la com fé e confiança.


Se existe algo que não podemos esquecer ao sentar-nos diante da tela de um cinema é que, quando a ficção acabar, a realidade estará sempre ao nosso favor, pois a vida um dia venceu a morte, em Cristo Jesus.

Que tudo que há de bom nos leve ao verdadeiro caminho da paz.



Um comentário:

  1. Muito bom o texto Daniel, e um problema central que vejo é que levamos essa polarização em muitos dos ambientes em que vivemos, e convenientemente deixamos de lado a responsabilidade de nossos atos. Bem e Mal subsistem na esfera de potencial, é preciso um ator social para realizá-los.

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