Alguns dias atrás, ao escrever sobre a vida simples, me dei conta do quanto a simplicidade de Cristo merecia um capítulo a parte. Motivos? Muitos, os quais estarei dedicando o decorrer do texto para falar a respeito. Mas de início quero chamar a atenção para um fato, disposto logo no título desta reflexão.
Considero a simplicidade de Jesus imperativa, o que me levou a, pela primeira vez, usar um verbo no imperativo logo na indicação do tema. Sede, do verbo ser. Mas aí, você me pergunta: o que quer dizer com simplicidade imperativa? Devo ter sede pela vida simples? Jesus teve sede? Como Cristo foi simples? Vinde e vede como o Senhor é bom.
Sede. Desejo ardente. Busca por aquilo que falta. Vontade desmedida. Necessidade urgente. Vale a reflexão do termo além da flexão do verbo. Afinal, ter sede tem por si só um significado. Lembro da música que nos provoca:
Comida é água
Bebida é pasto
Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê?
(Titãs - Comida)
A música dava uma conotação política para a sede. Mas quando olhamos para o nosso interior, tudo o que vemos é sede. E há sede porque há falta. Afinal, do que você tem sede? O que lhe falta para ser feliz de fato?
Quando me fiz essa pergunta, há muito tempo atrás, tive como resposta que me faltava amar como Jesus amou. E não me restou outra ideia senão seguir os Seus passos, afinal Ele é o verdadeiro caminho. E assim, esbarrei na simplicidade de Jesus.
Nós humanos temos a triste mania de complicar as coisas para torná-las mais atraentes, mais importantes, para nos destacar na multidão. Mas quando olhei para Jesus, me assustou como a forma simples de ser e agir entre as pessoas era capaz de mover tanta gente por onde ele passava. Embora humano, existia algo especial Naquele homem. E sua autenticidade residia em sua simplicidade.
(imagem: blog.cancaonova.com)
Não a toa usa-se o símbolo do cordeiro para representar o Cristo. Um animal simples antes de tudo, e que foi imolado para tirar-nos o pecado do mundo.
Jesus era simples quando reunia os discípulos diante dele e começava a pregar. Que mais são as parábolas senão histórias infantis? E nunca alguém se sentiu infantilizado ao ouvir Suas histórias, pois eram ricas de sentido, de fácil entendimento e sempre deixavam uma provocação no ar.
Jesus sempre trouxe suas parábolas para próximas da realidade do povo, e quem se propor a anunciar o Evangelho nos dias de hoje deve fazer o mesmo. Longe de buscar provas científicas para os milagres ou apresentar Jesus como o único caminho possível. Cristo criou multidões através de convites e sempre respeitou a opinião de cada um.
Isso não quer dizer que Ele concordou com a opinião de todos. E aqui, trago a simplicidade imperativa que apresentei no início do texto. Temos por simples uma pessoa destituída de valores e de poder. Confundimos simplicidade com pobreza muitas vezes. E quando olhamos para Jesus, somos obrigados a rever nossos conceitos.
Nunca faltou poder a Ele, mas como Ele mesmo disse, o Seu Reino não era aqui! E desde o seu nascimento, sabendo por tudo o que haveria de passar, trilhou seus passos sem que nada pudesse impedí-Lo de seguir.
Por isso, meu irmão, minha irmã, sede simples. Tenha isso não como uma ordem, afinal eu não tenho esse poder, e nem mesmo Aquele que o tem faz uso dele deste modo. Mas tome isso como um convite. Despretencioso, talvez. Mas de quem já viveu momentos onde a paz pode ser de fato vivenciada no que há de mais simples e belo nesse mundo.
Sede simples como um dia Jesus foi. Eis um convite do céu.