domingo, 24 de maio de 2015

Alegria ou euforia?

Quando me pego parado, olhando para a vida e as pessoas, logo percebo que existem ao redor de nós pessoas tristes, aflitas, buscando algo além pelo que viver. Como disse no texto sobre a procura da felicidade, muitas respostas para as nossas perguntas já estão dentro de nós. Basta confiar em Deus para encontrá-las.

Mas isso não acontece do dia para a noite. Nesse processo, é comum que muitos de nós encontremos pelo caminho fatos e situações que nos deixem em dúvida sobre levar-nos ou não até a verdadeira felicidade. Grande parte dessa dúvida mora dentro desta confusão, proposta no tema deste post. O que vejo à minha frente, é alegria ou euforia? Seriam a mesma coisa? Ou não?
Euforia. Momento de plena emoção. Exaltação momentânea. Entusiasmo. Ansiedade. Encontramos para esta palavra diferentes significados, mas todos apontando para algo comum: a euforia é passageira.

Vivemos em uma sociedade eufórica. Tudo que é bom dura pouco, diz o ditado. E enquanto acreditamos nisso, buscamos a alegria nas coisas igualmente passageiras. A tentação e o prazer são um caminho rápido e prático. Sexo, álcool, drogas e tantos outros prazeres se oferecem a nós nos garantindo que ali mora a verdadeira alegria.
Não, eu não estou aqui com um discurso moralista para condenar tudo que nos brilha os olhos no mundo. Eu não sou um extraterrestre, e vivo neste planeta, assim como você. Mas quero levá-lo a reflexão de que momentos como esse são pura euforia, coisas passageiras. E quando as coisas acabam, você permanece. O que você leva para o resto dos dias?

Aqui chego a um fato importante. O contrário imediato da euforia é o desânimo. Isso faz sentido para você? Se a franqueza te obriga a dizer que tem se sentido desanimado, isso significa que a vida tem lhe preenchido com momentos de muita euforia e pouca alegria.
Alegria. Satisfação. Júbilo. Prazer de viver. Contentamento. Aristóteles costumava dizer que alegria é o sentimento de quem "tá de boa" (é claro, não com essas palavras, mas com essa ideia! rs). Mas alguém alegre é alguém satisfeito com aquilo que tem. É algo mais duradouro, com raízes mais profundas.

Acredito que a alegria é a principal característica de pessoas felizes. Se a felicidade é uma experiência subjetiva e pessoal, a alegria pode ser transmitida entre uma pessoa e outra. E essa capacidade é algo particular do ser humano, afinal apenas nós temos a capacidade de dar sentido à nossa vida e a tudo que nos rodeia.
Quando nosso Papa Francisco escolheu Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium) como o nome de sua primeira exortação dentro de seu pontifício, nos remeteu a nossa missão como cristãos. Transmitir a alegria que leva a verdadeira felicidade, que é o Cristo ressuscitado.

Reconhecer a diferença entre euforia e alegria exige de nós muita sensibilidade. Mas, se eu pudesse resumir esta tarefa em poucas palavras, diria que a alegria está nas coisas que não tem preço. Literalmente falando, pois a felicidade não se compra. E poeticamente falando, quando percebemos que estamos diante de coisas que não somos capazes de mensurar o valor, nos percebemos alegres.

Que a alegria do Senhor seja a nossa força diante das adversidades da vida!

sábado, 23 de maio de 2015

A procura da felicidade


"Encontre algo que você fica tão animado para fazer, que o sol não pode chegar cedo o suficiente na parte da manhã, porque você quer ir fazer a sua coisa."
(Chris Gardner)


A frase acima é dita pelo homem cuja história de vida inspirou o o filme À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happiness), filme este que me identifico muito e que muito já me fez pensar. De fato a felicidade é algo que buscamos do nascimento até a morte. É algo que norteia a nossa vida, nos dá um sentido para o viver.

Mas a pergunta que faço é simples e provocadora: a felicidade é um lugar onde buscamos chegar, sentar a mesa e apreciar o banquete? Ou seria o caminho, a busca até este sonhado lugar? O que existe dentro e fora de nós quando o assunto é sermos felizes? Venha, vamos caminhar juntos em busca do ser feliz!
Antes de tudo, é preciso entender quem é o ser humano. Um ser dotado de vontades, de personalidade, capaz de fazer escolhas, normalmente embasadas no afeto e na capacidade de dar e receber amor. Ser humano que começa a ter sua identidade formada antes mesmo do nascimento.

Dentro do ventre da mãe tudo é escuridão, e ele escuta a voz do pai e da mãe falando com ele, curioso por conhecê-los. Quando acontece o nascimento a identificação é instantânea. Para um bebê, o mundo é belo por si só.
Aquele bebê cresce, e se torna uma criança. A identificação com os pais ganham novos contornos. Essa é aquela fase onde a menina usa escondida as roupas da mãe, quer se maquiar como ela, imita seu jeito de ser. E o menino, ao mesmo tempo, sonha em ser como o pai, aprendendo a ter prazer pelos mesmos gostos dele, como o time de futebol.

É nessa fase também que as crianças começam a sair do núcleo familiar, onde tudo é milimetricamente controlado, e passam a interagir com outras crianças e adultos. A entrada na escola é um momento marcante. E aqui, elas começam a ser privadas da felicidade natural e espontânea que há dentro delas.
Qualquer atitude fora do que os pais acreditam ser o certo é motivo de castigo. Na sala de aula, diante de dezenas de crianças, o sonho de todo professor é mantê-los como anjinhos, sentados em suas carteiras, em completo silêncio. Mas isso é impossível, afinal as crianças são pura energia. E isso levam a situações onde tiramos delas o direito de serem crianças.

Sim, educar é preciso. Mas isso é duro demais dentro do imaginário infantil. E tudo que elas aprendem é que ser elas mesmas é motivo de vergonha. Que ser feliz é seguir a norma. Que a felicidade não está dentro delas, é algo que se deve buscar do lado de fora, pelo mundo afora.
Passa o tempo e crescemos com essa falsa crença. E quanto mais o tempo passa, maior é a sensação de vazio dentro de nós. Vazio ansioso por ser preenchido que se torna presa fácil para a sociedade onde vivemos hoje. A mesma sociedade que te privou a felicidade ontem, hoje quer vendê-la a você.

Carros, roupas de grife, acessórios, produtos de beleza, suplementos, alimentos gourmet, um dia no shopping com o cartão de crédito sem limite. Isso para não falar dos tantos livros de auto-ajuda que nos vendem fórmulas mágicas da paz.
E além de tudo isso, somos proibidos de sermos infelizes. Olhamos as redes sociais e todos estão felizes o tempo todo. Isso me parece um pouco contraditório. Já pensou nisso? Por que mostrar a nossa fragilidade se tornou uma fraqueza? Simples, por que isso virou um negócio. A felicidade se tornou um negócio que se vende por si só.

Deus nos criou criaturas incríveis, cada um com sua forma especial e única de ser. Somos universos particulares. E eis aqui a razão para não existirem fórmulas para a felicidade: somos únicos, e a vida não se resume em poucas palavras. 
Se existe um pedido que eu lhe faço hoje, é este. Nunca deixe de sonhar. Eu entendo que um dia, quando era criança e não entendia bem como a vida era, alguém lhe disse que sonhar era uma besteira. Mas hoje é preciso retomar esta capacidade de sonhar.

Pois Deus tem sonhos e planos maravilhosos para você. E se não tiver sonhos para cruzar com os Dele, a vida vai lhe parecer sem sentido por demais. Há um céu dentro de cada um de nós, já dizia a música. Basta acreditar e ter a coragem para assumir esta verdade.

As respostas moram dentro de você. Uma poesia escrita pelos dedos de Deus.