domingo, 15 de novembro de 2015

A película


#8 - O que as pessoas procuram na tela de um smartphone?



Dias atrás me deparei com esta imagem acima, me coloquei a pensar e compartilhei com alguns amigos, estendendo a eles a pergunta que me fazia: o que as pessoas procuram na tela de um smartphone?

Pois é fato, algo elas procuram. Melhor dizendo, nós procuramos, me incluo nessa. A maioria de nós hoje passa horas diante destes aparelhos, que nos conectam a pessoas que estão por um momento longe e universos jamais explorados. Há quem se relacione até mesmo com pessoas "de mentira", que nunca viu pessoalmente, indivíduos digitais resumidos em poucos kilobytes.

Estar conectado é bom ou ruim? Quando isso interfere em minha vida real? E na minha vida digital, está tudo bem mesmo? E quanto a minha prática de vida cristã, algo a dizer sobre isso?

Através desta reflexão, pude chegar a algumas conclusões, que divido com vocês agora. Vamos nessa?
Película. Fina camada de pele. Membrana. Antigamente palavra usada somente para se referir a uma obra do cinema. Hoje, material que mantém a sobrevida de nossos tablets e celulares. Sua característica principal é proteger o que há de baixo, mostrando muitas vezes uma realidade fantasiosa e pouco realista. Assim é no cinema, onde a intimidade dos atores não importa, mas a vida do personagem. Assim também nos smartphones, onde nos tornamos quem quisermos, como verdadeiros personagens de nós mesmos.

Não sou leviano a ponto de condenar a tecnologia e #partiuépocadascavernas. Não fossem as redes sociais, este post não seria interativo, pois foi através deles que pude alcançar as pessoas. Mas a sacada está em ter a tecnologia a seu serviço e não estar a serviço dela, entende?

Hoje em dia vejo pessoas que não largam o celular pra nada. E não é nada de nada de mais, é nada de nada! E lamento profundamente, pois aqui fora a vida é bela e de verdade.
Cada vez mais estamos diante de pessoas que parecem, mas não são. Tudo bem, o senhor da foto acima parece mesmo com o cara do desenho, mas ele não é ele!! Nem tudo é o que parece, não é mesmo? Quem nunca deu aquele "confere" no perfil de alguém no Facebook e tempos de convivência depois percebeu que ela não era nada daquilo que parecia? Isso se explica muito facilmente: somos muito mais que hashtags e categorias.

Quando estamos diante das pessoas, devemos nos lembrar sempre que estamos diante de uma história, de um sonho, de uma realidade. Esquecer disso é tornar tudo superficial e descartável, assim como no mundo virtual.
Percebo que o mundo virtual exige muito menos de nós enquanto pessoas. Dias atrás vi na televisão uma propaganda de um aplicativo (app) para comida delivery que trazia como slogan a frase "aqui você pede comida sem falar com ninguém". Quando foi o dia em que não falar com ninguém se tornou um atributo positivo?

Estamos mais narcisistas e egoístas do que nunca, os filósofos diriam. E tal comercial só existe porque existe demanda. Não tenha dúvida que nos identificamos com tal ideia. E é aqui que mora o perigo.
E quando falamos de fé e vida cristã?

Já falei sobre a era do aplauso e vaidade anteriormente, mas aqui gostaria de tratar de um ponto específico sobre fé e egoísmo. Corremos o risco de buscar um Jesus pessoal, que atende a MEUS pedidos, do MEU jeito e no MEU tempo. Porém, tudo o que devemos buscar é um Jesus que é meu irmão, assim como é irmão de todos que estão ao meu redor.

Viver a fé em comunidade é isto: compreender que o tempo de Deus é diferente do meu e que todos nós vivemos debaixo do mesmo guarda-chuva, que chamamos de Misericórdia. Você não é melhor que ninguém. Eu não sou melhor que ninguém. Mas juntos, podemos ser melhores para alguém. Essa é a essência.

Que nossa vida não seja resumida em prints e dados frios, e que o calor humano aqueça nossos dias para além de si.