terça-feira, 21 de julho de 2015

A tradição


#6 - Qual é a tradição da qual você não abre mão?

Tradição. Ato ou efeito de transmitir. Transferência que ocorre de geração em geração. Lendas, ritos ou costumes. O passado e o presente. Está é uma palavra que nos remete diretamente a nossos pais, avós, bisavós, tataravós...mas ao mesmo tempo, traduz sentimentos e pensamentos que são parte de nós hoje.

As tradições dizem muito a respeito de nossa cultura. E dentro de nossa Igreja, não é diferente. Quanto sabemos sobre os costumes que temos? Como seria viver sem essas coisas?

Hoje é dia de tomar posse da própria história.
O almoço do domingo. As reuniões em datas festivas. A oração que aprendeu com sua avó. A cueca da sorte. O pedido de "bença" aos parentes mais velhos. As histórias de nossos antepassados que se tornaram verdadeiras lendas. Assim como as histórias engraçadas que todos sabem o final, mas escutam com o mesmo prazer.

Cada vez mais as tradições tem se tornado como um refúgio para as pessoas. Se a correria do cotidiano e a forma como lidamos com o mundo nos despersonaliza, o retorno às tradições se torna uma forma de nos reconhecermos novamente.

Sim, elas são saudáveis. São parte daquilo que nos identifica e nos diferencia da multidão. Cada família tem sua cara, não é mesmo? Basta perguntar a quem já fez a experiência de conhecer os sogros e a explicação se torna chuva no molhado.
Assim também acontece com as festas que celebramos. Festa junina, carnaval, a folia de reis (que "anda meio esquecida", como diria Tim Maia) e tantas outras datas que nos marcam e ajudam a formar aquilo que entendemos como cultura.

Logo, percebemos que tradição é algo bom de ser vivido. Mas, e se por alguma razão, elas deixassem de ser vividas? Um almoço em família pode perder a razão de ser na ausência de um membro importante. Aquela linda história de amor sobre seus avós que cresceu ouvindo pode vir a ser uma mentira. Sua cueca da sorte pode não lhe servir mais.

E aí? O que sobrará disso tudo?
Sobra você, a princípio. E antes que o desespero bata a sua porta, é importante saber que lhe sobra algo mais.

Nós, os seres humanos, somos traduzidos a partir de relações afetivas. Cada pessoa, cada animal, cada memória, cada história com que entramos em contato geram em nós dois processos: emoções e sentimentos. Costumamos acreditar que ambos são a mesma coisa. Mas não são.
As emoções são instantâneas. Quando você tropeça e cai, logo vem a dor. Esta é uma emoção. Se o fato passar batido e logo esquecer-se dele, ok. Mas se começar a se cobrar por ser alguém tão desengonçado a ponto de cair pelos cantos, aí falaremos do sentimento de culpa.

Traduzindo em breves palavras, a emoção passa, mas o sentimento fica. E compreender isso nos ajuda a lidar com as tradições, principalmente aquelas que por alguma razão deixaram de existir.

Se as emoções não mais acontecem, o que permanece em você são os sentimentos. E estes podem ser novamente experienciados.
Aqui, gostaria de traçar uma linha paralela entre as tradições familiares e as tradições da fé. Muito embora na maioria das vezes estas linhas se cruzam, e aprendemos a viver nossa fé a partir de costumes que nos foram passados pelos nossos pais ou avós.

Mas gostaria de ir um pouco além. Quando ficamos apenas na base das emoções e desconhecemos a origem dos sentimentos, corremos o risco de nos perder em algum momento da caminhada. E dentro da nossa fé não é diferente.

Conhecer nossas tradições a fundo é de grande importância. Nos ajuda a vivê-las na intensidade correta. E também a reconhecer quando se tratam de grandes bobagens.
Imagens de santos são viradas de ponta cabeça aos montes e orações são proferidas dia após dia sem nenhum fundamento. E em nome das tradições podemos nos perder.

Se existe um conselho que eu poderia lhe dar, é este: conheça a fundo as tradições que você vive. Sobretudo, saiba os sentimentos que te levam a repetí-las e não deixe que as emoções lhe sufoquem. E por fim, saiba que hábitos podem ser mudados, se assim lhe aprouver.

Que as tradições sejam a base forte que mantenham nossos pés da terra e nossos olhos no céu.

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