terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A natureza e a liberdade

No princípio, Deus criou o céu e a terra. E a natureza. Foram dias e dias cuidando de cada detalhe cuidadosamente para a chegada do homem e da mulher. E quando olhamos ao nosso redor nos dias de hoje, tudo o que vemos são prédios e asfalto. Vivemos uma crise com a falta de água que a pouco tempo atrás nos parecia mais uma obra ficção científica. E hoje isso se tornou real. É certo de que houve um erro no meio do caminho. Pois então, onde erramos?


Já ouvi muita gente dizendo coisas do tipo:
- Se Deus é bom, porque Ele permite que fiquemos sem água?
- Mas Deus não é perfeito? Por que precisamos sofrer tanto?
- E esse calor? São Pedro tirou férias?...entre tantas outras. Olhar nossa situação como quem olha para o escuro não me parece o ideal. Tudo o que acontece hoje é consequência de atitudes e escolhas feitas por pessoas anteriores a nós. E essas pessoas podem ter vivido a 200 anos. 100 anos. 20 anos. Quem sabe? Isso pouco importa, na real. O ideal é que olhemos para frente buscando a melhor forma de contornar tudo isso.

Não tenho dúvidas de que a natureza foi o maior bem confiado a nós por Deus. Talvez o mais próximo que podemos chegar do Jardim do Éden (antes do nosso retorno ao céu, é claro) seja através de momentos de contato direto com a natureza. E isso é facilmente compreensível quando pegamos horas e horas de congestionamento por algumas horas diante do mar, ou fugimos para as montanhas onde nossos smartphones perdem o sinal e nos dão alguns dias "de paz". A sensação de paraíso é instantânea. E passageira.

Traduzindo: Não temos wi-fi, conversem um com o outro! :)

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Criou os animais, as plantas, e tudo o mais que chamamos de natureza. E então criou o homem e a mulher, e confiou a eles tudo o que havia criado. Seu Amor foi tao grande que Ele concedeu também ao homem o livre arbítrio. O que isso significa? Liberdade! Liberdade? Isso pode representar um problema para quem não sabe como lidar com ela. E aí? Deus manteve sua decisão. E assim se fez.


Não precisamos dar um contorno de ação e suspense à história da criação, afinal, não estamos em Hollywood. Aqui, na vida real, nos cabe entender o que significa o livre arbítrio concedido por Deus a nós. Sim, ele significa liberdade. Mas liberdade requer uma boa dose de responsabilidade, pois do contrário, teremos um desastre. Como este, que vivemos com relação a falta de água.

Cuidar da natureza, que é nosso maior presente, é assumir a responsabilidade pelo mundo onde vivemos. Responsabilidade esta que estamos tão acostumados a terceirizar, e por isso não nos sentimos culpados pela destruição da natureza. O que mais podemos esperar de um cristão comprometido senão um simples ato de consciência.

Aqui, não falo simplesmente de falta de água. Mas de liberdade que não se confunde com inconsequência. O livre arbítrio é um bem particular. E cabe a nós torná-lo também um bem comum.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A (des)confiança


#1 - Quanto mais eu conheço as pessoas, ....

Quanto mais eu conheço as pessoas, mais eu gosto do meu cachorro. Provavelmente você já ouviu essa frase, e foi ela quem me deu a "luz" pro início deste texto. Felizmente, ao dividir a sentença ao meio e deixando o complemento a cargo de alguns bons amigos, tive a feliz surpresa de que a história ganhou novos contornos.

Ao se deparar com a frase incompleta, a maioria das pessoas completou a sentença refletindo sobre a questão da confiança. O que compreendemos pelo simples fato de que é preciso conhecer para confiar. Acredito que isso não se discute, ao menos conscientemente. Deixemos Freud um pouquinho de lado para refletir em torno deste valor que para muitos está em extinção.



Confiança. A base de tudo. Segurança íntima. Boa fama. Crédito. Atributo de quem confia. De quem espera. De quem tem fé. Associamos esta qualidade aos verdadeiros amigos, a quem chamamos de confidentes. Podemos considerar a confiança como algo que se conquista, que não se faz do dia para a noite. E o que me leva a questionar porque temos tanta dificuldade em confiar uns nos outros.

Aqui, a psicologia me ajudou de alguma forma. Entendendo um pouco mais sobre o ser humano, percebi que muito do que sofremos hoje se dá por diversas falhas de comunicação. Antigamente as pessoas tinham contato com menos pessoas, isso significa que dedicavam mais tempo para as mesmas pessoas. As relações tinham mais qualidade e menos quantidade, por assim dizer.




Isso pode representar um tédio para muitas pessoas hoje em dia, mas é inegável que nossos avós tinham um trato muito melhor com a vida do que nós. Podemos chamar isso de sabedoria? Sem dúvida. Mas antes de ser fruto das experiências de uma vida rica de histórias pra contar, a sabedoria é um dom de Deus. Um dom do Espírito Santo que nos é dado gratuitamente. E que precisa ser assumido por nós e colocado em prática pelo anúncio do Evangelho.

O que podemos aprender sobre as pessoas com os mais velhos? Muita coisa sem dúvida. Com a força da gravidade agindo sobre seus músculos, a beleza que valorizou por toda uma vida poderá se acabar. O fôlego para atividades físicas será menor. A saudade será sua fiel companheira, afinal, muito dos seus companheiros já terão passado para o outro lado da rua. A morte será uma realidade mais palpável do que era durante a juventude. E aí? Precisaremos nos tornar idosos para descobrir que amar o pássaro é não prendê-lo em gaiolas?


(Imagem: KeepCalmStudio.com)

As pessoas decepcionam mesmo, verdade seja dita. Assim como decepcionamos muita gente, até mesmo sem perceber, quem sabe. Somos todos imperfeitos, seres faltantes, em busca dos porquês que encontramos pela vida. E se você quiser alguém em quem pode confiar de fato, este alguém é Deus. Nunca se esqueça de que quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá (1 Cor 13, 10).

Descer do degrau e ir de encontro ao próximo "só pra variar" não faz mal a ninguém. A experiência que se faz com atitudes como essa é de que somos feitos todos areia da mesma terra.

Ahh, e é claro, não posso deixar de completar a sentença!

Quanto mais eu conheço as pessoas, mais agradeço a Deus por não ser cachorro! Cada ser humano é um universo novo a ser descoberto, e não existe NASA para descobrir as coisas do coração.





sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O mal da tudologia



Tudologia. Ciência daquele que sabe de tudo, mas não sabe de nada. Campo de estudo do tudólogo. O sabidão. O espertão. Aquele que está por dentro de tudo que acontece no mundo. Aquele que sempre tem uma opinião pronta sobre qualquer assunto.

Sim, esta definição não foi retirada do dicionário como de costume. Por um motivo simples. Esta palavra não existe! Ou não existia, afinal, fui eu quem a criou. Isso se chama neologismo. Ou licença poética, como preferir. Seja bem-vindo ao universo da tudologia! Se ainda está confuso, venha comigo.


Vivemos em dias de um grande fluxo de informações. Somos levados por uma enxurrada de novidades, seja nas redes sociais, seja nos sites de notícias e entretenimento, que são atualizados minuto a minuto. Na maioria do tempo, estamos correndo, afinal nossa vida é por si só uma correria. Logo, chegamos numa equação simples: muita informação e pouco tempo. O resultado é de que nossa necessidade de se sentir "por dentro de tudo" faz com que nossa pesquisa pare no título. 

Ser tudólogo significa saber de todos os assuntos que estão acontecendo, o suficiente pra uma conversa numa roda de amigos, em volta de uma mesa de bar. Mas sabemos apenas de forma superficial, sem qualquer tipo de reflexão ou aprofundamento no assunto. Nos damos ao direito de dar nossa opinião sobre coisas que nem sabemos de fato. E assim, entramos ao clube da tudologia.


Acredito que o que mais me assusta hoje é a necessidade que as pessoas sentem de expor a própria opinião a qualquer custo. A notícia é como uma batata quente, da qual precisamos nos livrar passando adiante. E continuamos vivendo de forma superficial. Conhecemos tudo de forma superficial. Tratamos as pessoas da mesma forma. E quando chegamos neste ponto, é hora de parar e pensar em como devemos agir segundo a palavra de Deus.



Muito do ser cristão no mundo de hoje significa andar contra a maré. Viver diferente da maioria. Trazer um brilho no olhar diferente, e assim convidar as pessoas a se aproximarem da gente e encontrar a Deus. Isso se traduz em atitudes simples, como buscar entender um pouco melhor o que acontece ao nosso redor e não se tornar vítima de tudo isso. Em buscar conhecer a palavra de Deus e não ter medo de ser questionado sobre o assunto. Em colocar os pés no chão.

Precisamos nos tornar canais de evangelização. E isso passa por uma boa dose de credibilidade.



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tenho vontade ou desejo por Deus?




Há quem tenha dúvida entre pegar o ônibus ou comprar uma goiaba. Pra mim a resposta é simples: depende! Como muita coisa depende nessa vida. Mas pra poder dar essa resposta com convicção é importante conhecer os dois lados da moeda, as duas possibilidades. No caso, a fome e a necessidade de chegar. Logo você pensa o que lhe convém mais e faz sua escolha.

Começo com um exemplo bem simples e rasteiro para chegar a uma pergunta que aparenta a mesma simplicidade, mas que ao tomar um olhar mais de perto, logo percebemos que existe um valor envolvido muito maior comparado à nossa história da goiaba. Vontade ou desejo? Não são a mesma coisa? Se não são, o que são então? Deus tem vontade ou desejo por minha felicidade? Vamos caminhar um pouco.


Desejo. Ato ou efeito de desejar. Anseio. Aspiração. Ambição. Apetite. Palavra muitas vezes ligada a Eros, o amor de Platão que já comentamos. Na Bíblia, relacionamos este sentido da palavra ao pecado do Éden. Mas não paramos por aí. O desejo é a força que nos move para frente, em direção daquilo que precisamos. Sem desejo seríamos seres sem vida.

Só deseja aquele que precisa de algo, que tem falta de algo. Portanto somente nós, seres imperfeitos, sentimos desejo. Não à toa dizemos "que seja feita a vontade de Deus", pois ele sendo perfeito não precisa de nada, não deseja nada. E além disso, Ele expressa por nós um zelo e um cuidado que vão muito além do que podemos calcular ou querer. Seu amor é Ágape.

Não confundamos desejo com pecado, pois são coisas distintas. O desejo faz parte de nossa natureza. Uma natureza criada por Deus. E uma natureza da qual precisamos aprender a lidar. Conviver em harmonia consigo mesmo não é nada fácil, sem dúvida. Mas aprender a lidar com os próprios desejos é parte fundamental da vida do cristão. De alguma forma, é esse aprendizado que traz sabor a vida que escolhemos para nós. E quando falamos de escolha, falamos de vontade.

(Imagem: Livraria Concursar)

Vontade. Deliberação, decisão. Ânimo firme. Coragem. Interesse. Zelo. Escolha. Aqui encontramos definições que são praticamente verbos. Todos eles verbos que nos movem para frente. Com relação ao desejo, o que muda? A resposta é a consciência.

Enquanto nossa fé estiver reduzida a um simples desejo e rodeada de dúvidas, seremos como a onda do mar, levada e agitada pelo vento (Tg 1, 6). É preciso uma escolha consciente pela fé para que este desejo se traduza em vontade. Uma fé que mova para frente, sem medo de vacilar, que te leve a ser instrumento de Vossa paz.

Isso te parece longe de sua capacidade? Entender a Palavra de Deus te parece um sacrifício? Então, comece pela oração. O entendimento é um dom do Espírito Santo, sem ele as coisas serão realmente muito difíceis. Basta pedir. Com vontade.

Pedi e recebereis. (Lc 11, 9). Eis a chave!





sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A tolerância


Seu Saraiva. O supra-sumo da intolerância. Assim Francisco Milani deu vida ao personagem mal humorado que nos divertia aos sábados a partir da observação de situações do cotidiano. Todos temos um saraivinha dentro do nós, o que podemos comprovar pelo sucesso do personagem. Em muitos momentos somos verdadeiros juízes da vida alheia, e julgamos tudo e todos a partir dos óculos que usamos. Mas e aí, por onde anda a tolerância? Sabemos o que é ser tolerante? Vamos pensar um pouco...


Ser tolerante significa respeitar a opinião alheia, uma opinião que necessariamente seja contrária a nossa, pois ao contrário se chamaria empatia e não tolerância. Não entendo tolerância como uma "virtude dos fortes", como se mostrar tolerância significasse mostrar ser um ser desenvolvido. E também não acredito que não exista limite, como se fossemos obrigados a aceitar tudo ou qualquer coisa, o que se chamaria passividade.

Para ser tolerante é preciso ter opinião formada. Infelizmente muitos de nós não somos tolerantes porque não temos nossa própria opinião, afinal, como respeitar uma opinião se nem sei do que se trata? Conhecemos de muitas coisas superficialmente e acreditamos que sabemos de tudo. E então, nos damos ao direito de julgar. Não é mesmo? Infelizmente, sofremos deste mal. E colocamos a culpa na falta de tempo. Ahh, o tempo...


Na falta de opinião, somos levados pela enxurrada que recebemos em nossas redes sociais. Muitas das vezes não nos damos ao trabalho de ouvir o outro lado da história e passamos a história adiante. Curtir, compartilhar: eis a receita. Sobretudo pela necessidade que as pessoas sentem hoje de mostrar que sabem de tudo, que estão por cima de tudo.

Somos especialistas na superficialidade. E aqui não falo de apego aos bens materiais. Falo de algo bem pior, da falta de profundidade nas ideias. E o único remédio para isso é a reflexão. E isso faz parte de nossa função como cristãos em sociedade.

Quanto tempo por dia você para pra refletir sobre a sua vida? Deixemos a fome na África e os atentados terroristas na Europa um pouco de lado. Vamos falar agora do nosso cotidiano. Já parou pra pensar porque aquela pessoa tem agido diferente? Será que há algo de errado com ela? Será que passa por um momento difícil? Pode ser só um dia ruim. Mas podem ser dias ruins também. E aí?

(Imagem: Rede Super de Televisão)

Durante sua estadia na Terra, Jesus foi até as pessoas em seu "habitat natural". Não mandou recado. Curou aos que necessitavam, sempre depois de perguntá-las se aquilo era o que realmente queriam. Muitas das vezes as perguntas poderiam até parecer banais. Perguntar a um cego o que ele deseja? Ele quer ver! Isso é óbvio, não é? Com certeza, e Jesus também sabia disso. Mas sempre usou de tolerância para com as pessoas. Respeitou a vontade delas até o fim. 

Aquelas que desejaram foram salvas e curadas por sua própria fé. E quanto a nós? Se lhe parece difícil entender muito do que se passa em sua vida hoje, entenda que Deus respeita o livre arbítrio que te deu e age com tolerância com você.

Ele está à porta. Resta a você abrí-la. Ou não.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A indireta

(Imagem: kdimagens.com)

Indireta. Observação disfarçadamente feita, sem alusão explícita a qual se refere. Do popular, chincada. Censura. Indireto. Não direto. Disfarçado, dissimulado, encoberto. Duvidoso. Oblíquo. O dicionário traz diversas definições e explicações para esta palavra. Mas o significado facilmente absorvido por nós é aquele que vemos (e usamos?) em nossas redes sociais: uma mensagem despretenciosa que busca atingir uma determinada e ilustre pessoa. E atinge várias! Será que decepção não mata, ensina a viver? Quem muito se ausenta deixa de fazer falta? Mas e o que isso tem a ver com nossa vida de cristão? Vamos pensar um pouco.


Na imagem acima, as primeiras respostas do Google quando digitamos a tal indireta na barra de pesquisa. Existem até sites "especializados" nisso! E aqui não condeno, afinal, eles só existem porque existe público. E se os principais alvos são aqueles que consideramos como confidentes, temos problemas.

Escuto muitas pessoas se queixando da falta de diálogo. E realmente hoje em dia conversamos cada vez menos com as pessoas. São raros os momentos onde nos desligamos de todo o aparato tecnológico para trocar experiências olho no olho, a ponto de considerarmos quem ainda é capaz disso sem nenhum interesse um verdadeiro anjo na Terra. Sem comunicação, nos tornamos isolados, deixamos de ser nós em relação ao mundo e nos tornamos nós ao redor de nós mesmos. Um verdadeiro arquipélago, um conjunto de ilhas. Porém aqui não são as águas que nos separaram, mas o nosso orgulho.



A arte da indireta se tornou o prato cheio pra quem quer se comunicar e não quer se envolver. Porque aí você joga no ar a ideia como quem não quer nada, não se compromete com nada e a coisa vai pra frente. Caminhando e cantando e seguindo a canção. Sem envolvimento, você se livra de qualquer culpa ou remorso que possa vir a ter e a responsabilidade é passada toda para quem lê. E você se mantem acima de tudo isso. Ou acredita nisso.

Precisamos sair de nosso lugar. Nosso Papa Francisco, quando em visita ao Brasil para a JMJ, foi enfático ao dizer que a nossa Igreja é missionária, e só se faz missão indo até o encontro do outro.



Jesus nunca foi indireto em suas ideias e atitudes. Muito pelo contrário. Foi direto a ponto de colocar até os poderosos em dúvida. Sua posição era clara para quem quisesse ver, e só seguia a Ele quem sentia no coração a sua verdade. Autencidade era sua identidade.

Acredito que essa característica foi a que mais me chamou a atenção no início. Ainda era adolescente e buscava um modelo a seguir, pela falta de experiência. Não era fácil me convencer, mas Jesus soube mostrar a face que eu era capaz de ver. E ali Ele mostrou  sua infinita Misericórdia por mim.

Acredito em um Cristo que faz e acontece. E acredito também que se queremos ser como ele, devemos agir também desta forma, com o Amor que Ele agiu e age por cada um de nós, todos os dias.

Clareza na ideia e paz no coração, seja um bom cristão!


sábado, 3 de janeiro de 2015

Ágape e outros tipos de amor

Não, este não é um post sobre o livro do Pe. Marcelo Rossi. O livro é maravilhoso inclusive, mas quero mais uma vez falar sobre amor, porém de uma forma diferente. Me interesso muito pelo assunto. Principalmente por ver a quantidade de pessoas que não sabem de fato o que significa amar e ser amado. Que desconhecem que Deus é o próprio Amor. E para isso, voltarei um pouco na história emprestando alguns saberes da Filosofia para entender os tipos de amor. Mas peraí? Existem outros tipos de amor? Amor não é amor, e pronto?

Sabe de nada, inocente! Sim, existem vários tipos de amor. Storge, pragma e ludus são alguns exemplos que encontramos na Psicologia e que podemos comentar em um outro momento. Mas hoje, vou me concentrar em três formas de amor, assim como faziam os gregos, antes mesmo do nascimento de Jesus: eros, philia e ágape.


Eros, o amor romântico, o amor de Platão. O cupido da mitologia grega, que flexa os corações dos homens. Platão considerava amor como um desejo. E só desejamos aquilo que não temos, não é mesmo? Logo, só amo aquilo que não tenho. E quando passo a ter, não amo mais.

Esta é uma forma muito dura de amor, não é mesmo? Bastante materialista e egoísta, eu diria. Uma forma de amor presa ao próprio umbigo. Mas em quantos momentos não agimos desta forma? Nos reduzimos a nós mesmos e buscamos somente o nosso prazer individual. É importante ter amor próprio, mas não podemos confundir isso com vaidade. Amor é bem mais que isso.

Já falamos um pouco sobre isso quando falamos de amor e vaidade, vale a pena conferir! Mas vamos seguir em frente...


Philia, o amor fraterno, o amor de Aristóteles. Muitas vezes, traduzimos este amor como amizade. Para Aristóteles, o amor é a alegria do encontro. Quem tem um bom amigo sabe do que estou falando. Nada melhor que estar junto de pessoas que nos fazem felizes! Mas para onde nossos amigos nos levam? Caminham juntos, ok, mas para onde?

Quando falamos em philia, falamos em amor mútuo. Amor com o outro. E comparado a eros, podemos dizer que é uma forma bem mais "sofisticada" de amar. O que isso quer dizer? Que não é tão fácil. Não soa com tanta naturalidade em nós. Exige esforço e reflexão. Exige também um pouco de doação. Amor se torna um exercício, um verbo, uma ação. Amor deve se tornar um hábito. E se precisamos aprender a amar, contamos com um professor que dispensa apresentações.


Ágape, o amor incondicional, o amor de Cristo. O amor é doação. Amar ao próximo, independente de quem seja. Inclusive quando este próximo é completamente diferente de mim. Será possível alcançar tamanho amor? Longe de Deus, é impossível!

Somente Ele é capaz de não colocar qualquer condição para amar. Hoje, tenho consciência de que o melhor amor que posso oferecer não chega nem perto do amor de Deus por mim e pelos outros. Tudo o que posso fazer é aprender olhando como Jesus amou as pessoas e tentar chegar o mais próximo possível. Doando um pouco do meu tempo terreno para os planos celestiais de Deus. E sendo instrumento de sua paz.

E assim devemos seguir, aprendendo com o Ágape como sermos cristãos e pessoas cada vez melhores.

Para mim. Para você. E para os outros.