quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A quaresma

Lá se foi mais um carnaval. Lá se foi mais uma Quarta-feira de Cinzas. E assim, chegamos a mais uma Quaresma. O olhar de "mais uma" não é o melhor a se ter quando se fala de um tempo tão especial dentro da nossa Igreja. Como então não cair nesse erro? O que falar sobre as penitências? Como devo viver este tempo e me preparar para a Páscoa? Venha, pois é tempo de conversão!


A Quaresma não é um tempo qualquer. Não a toa dura quarenta dias. Este aliás é um número que vemos diversas vezes na Bíblia, e por isso carregado de simbologia. O que deixa implícito inclusive que nada prova que foram exatamente quarenta dias em que Jesus caminhou pelo deserto. Se prender nisso aliás é insanidade. Uma fé madura exige de nós conhecimento para dar um passo além.

Por 40 dias, o autor do texto bíblico quis dizer a espera de uma mudança que irá chegar. Assim foi com os 40 dias e 40 noites de dilúvio e os 40 anos do povo de Israel caminhando no deserto. A Bíblia deixa o futuro bem claro, relatando o que houve depois. Tudo isso como um convite, para que façamos deste tempo também a espera inquieta pela derrota do pecado e a vitória da vida através da morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Sim, a espera deve ser inquieta. No sentido de quem não espera simplesmente. De quem não cruza os braços acreditando que Deus irá resolver tudo num passe de mágica. De quem entende que a paz de Deus sempre nos leva ao outro. E de quem sabe que a energia do Espírito Santo não é estática e nos leva sempre ao encontro do Amor.

Nessa caminhada nos deparamos com as penitências. Elas são de grande valor quando vividas com consciência. Mas perdem o sentido quando vividas como uma simples moeda de troca por uma graça a ser alcançada.


Dai a César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus. (Mt 22, 21). O ensinamento de Cristo é a melhor receita para viver uma penitência que edifica e transforma a vida do cristão. Devemos pensar em algo que não tem data de validade. Por algo que não vai acabar no dia da Páscoa. Devemos sim viver por uma mudança contínua, que nos encha da presença do Espírito e nos faça homens e mulheres novos. Foi por isso que Ele morreu na cruz por nós.

Que esse tempo de Quaresma seja o convite perfeito para a conversão definiva de nossos corações, e que envoltos de oração e caridade, preparemos o terreno de nossa alma para a chegada daquele que É e sempre Será.


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