Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo
que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes
medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do
teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão:
Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita!
Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do
teu irmão.
(Mateus 7, 1-5)
Este é o trecho de uma pregação de Cristo, que se inicia lá no capítulo 5 do Evangelho de São Mateus, quando Ele se coloca a falar sobre as bem-aventuranças. Jesus era manso e humilde de coração, é verdade, mas também sabia usar de palavras e atitudes mais severas quando assim entendia que o deveria fazer. Todos nós nos lembramos do episódio no Templo, não é (veja em Mt 21, 12)?
Tudo isso por um simples motivo. Jesus acima de tudo era sábio. E Ele sabia que em certas situações da vida não se pode dar margem para o erro e para as interpretações. Por isso, ele foi enfático e disse com todas as letras: não julgueis.
O que podemos nós aprender com estas palavras? Como viver este mandamento? Caminhemos por uma vida mais cristã.
A frase acima é Jung, psicólogo suiço, seguidor de Freud. Frase igualmente enfática. E talvez um pouco mais provocadora. Eu, quando entro em contato com essa frase, penso, e logo caminho por uma estrada menos "afiada", digamos.
Sem dúvida, pensar é difícil. Mas entendo que ninguém julga de sacanagem. Jung também não, o que o levou a criar a abordagem analítica da psicoterapia, assunto que não irei tratar agora, pois nosso foco é outro.
Como dizia, ninguém julga de sacanagem. Fazemos isso o tempo todo, querendo ou não. E a razão para isso está associada a dois fatores: um é natural ao ser humano, e outro é resultado do mundo onde vivemos hoje.
O primeiro fator, aquele natural à espécie humana, é de que compreendemos o mundo a partir do nosso olhar. E esta forma de ver o mundo é construída segundo uma construção subjetiva e pessoal. Cada momento de nossa vida constrói aquilo que somos hoje. E se não existe duas pessoas iguais, logo não existem dois olhares iguais.
Somos rodeados por diferentes olhares de uma mesma realidade. É natural que nos aproximemos daqueles mais parecidos com os nossos, mas e quando nos deparamos com olhares radicalmente diferentes?
Primeiro, não compreendemos. E o ser humano, quando diante de uma realidade grande demais para o seu campo de visão, tenta reduzir de forma que esta realidade "caiba" dentro de sua percepção. E aí temos um problema.
Nesse momento, trava-se uma luta para ver quem cabe dentro do mundo de quem. Como não julgar o outro nesse processo? Difícil, não é? Sim, eu compreendo. E aqui, as palavras de Jesus fazem todo sentido quando advertem que: Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? (ver. 4)
O segundo fator é resultado do mundo corrido e egoísta que
vivenciamos hoje: a falta de empatia (irei dedicar um texto
especial para falar sobre isso, aguardem!!)
Sobre o hábito de julgar, a receita é o perdão. Que mais
podemos fazer além de reconhecer que somos todos imperfeitos? Se errar é
humano, o perdão é direito de todos, filhos e filhas do Pai. E dar o perdão é um dever de todo o
cristão.
Só Deus pode nos julgar, pois só Ele é dotado de infinita
misericórdia. Feliz daquele que toma posse dessa verdade.
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