terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A retrospectiva e o tempo de Deus




Um próspero ano novo. Feliz 2015. Saúde e paz, o resto a gente corre atrás. A virada do ano traz consigo essas e tantas outras frases de efeito, sobretudo em uma época onde nos contentamos em mandar um ok genérico pra várias pessoas ao mesmo tempo pelas redes sociais. Pra que demonstrar um carinho especial pra alguém que me é importante se posso mandar um alô num grupo de WhatsApp pra dezenas de uma só vez? Afinal, são todos meus amigos mesmo. Logo após, vamos medir o quanto somos queridos pela quantidade de emoticons e coraçõezinhos que recebermos de volta. E mais uma vez, vencidos pelo imediatismo, fugimos do contato com as pessoas em troca de poucos caracteres.  E nos sentimos bastante satisfeitos com tudo isso.

Sabemos que nosso tempo (khronos) é diferente do tempo de Deus (kairós), e que os calendários e relógios são invenções nossas. Não há erro nenhum nisso. Assim como não há erro nenhum nas celebrações da virada de ano. Essa é uma data bem propícia para uma breve parada de reflexão por tudo o que passou no último ano, o que gostaríamos para o próximo ano, e isso é bastante saudável. Mas e quanto aos planos de Deus para nós? Será que teremos tempo para eles?



Para haver tempo para os planos de Deus, precisamos primeiro ter tempo para Deus. Tempo que não precisa necessariamente ser de joelhos no chão, embora isso também tenha sua importância. Há quem pense que tempo para Deus significa fugir do resto do mundo, se trancar em um quarto e rezar pela fome. Será que nossas ações param por aí? O que será que Deus espera de nós?

Ter tempo para Deus significa ter tempo para ouví-Lo falar através das pessoas e da natureza. Tempo para momentos de oração. Tempo para formação de nossa fé, seja lendo a Bíblia ou sobre a vida dos santos, por exemplo. E principalmente, ter tempo para colocar tudo isso em prática. Tudo isso deve fazer parte de seus planos para o próximo ano, para que Deus também faça Seus planos agirem.


Na noite de reveillón, quando as luzes estiverem brilhando no céu e for encoberto de abraços das pessoas que ama, além de pensar em tudo o que passou, lembre-se também que o que vem pela frente são mais que dias como todos os outros. São dias que trazem consigo a oportunidade de sentir o Amor de Deus por você. E isso com certeza faz parte dos planos do Céu para seu ano novo.

Costumo dizer que sei o que quero, mas só Deus sabe do que preciso. Que neste ano que vem chegando possamos ser surpreendidos pela felicidade e paz que só Cristo pode nos trazer.

Feliz 2015! Aguardo por você, e Jesus também!


sábado, 27 de dezembro de 2014

A saudade



Escute este post narrado via Soundcloud!




Só se sente saudade do que é bom, já dizia a música. Entre Natal e Reveillon, vivemos um período que nos remete a momentos e pessoas que já não fazem mais parte de nossos dias, ao menos fisicamente. Esse sentimento pode se repetir em aniversários ou outras datas importantes, e aqui pouco importa se foram dias, meses ou anos atrás que elas se foram. Assim como o tempo de Deus é para sempre, e Deus é Amor, sempre é tempo de amar. De novo.

Saudade não envelhece. Ao contrário, rejuvenesce. A cada lembrança, é como um filme passando diante de nossos olhos, estejam eles abertos ou fechados. Recriamos cenas, acrescentando detalhes, ignorando outros, como em um espetáculo da natureza trabalhando a favor da ressignificação do amor.



Ressignificar. Dar novo significado, novo sentido. Isso acontece porque nosso cérebro é incapaz de reproduzir fielmente nossas memórias, embora possamos ter a sensação de lembrar tudo com perfeição. Isso pode ser explicado de forma simples. A vida se tornaria insuportável se nossas memórias, tristes ou felizes, fossem vividas repetidamente com a mesma intensidade. Deus nos fez perfeitos, e a natureza age em favor de nossa vida. É como a demonstração de uma saudade de Deus por nós.



Muitos já se foram, mas ainda permanecemos aqui. O motivo? Não nos compete responder a isso. Nos basta seguir em frente, levando de todos que já se foram mais do que simples objetos ou fotografias, mas sensações e aprendizados. Coisas que o valor ninguém pode mensurar. Coisas que ninguém pode roubar. Coisas que nos transportam de volta a tempos que não voltam mais. Coisas que nos levem a olhar para frente e seguir, apesar de tudo.

Costumo dizer que a saudade é a presença na ausência. Que possamos carregar em nós as lembranças daqueles que nos fizeram bem e a consciência de que existe um Pai no céu esperando por nós, com a saudade de quem observa a beira do caminho pelo volta do filho tão amado.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Vem, menino Deus!

O espírito natalino. Todos nós já ouvimos esse termo. Ouvimos e vemos falar sobre Natal nos programas da TV, nos painéis das lojas, em letras garrafais na faixadas dos prédios e na porta das casas. Nosso comércio fica mais horas disponível. Os restaurantes oferecem belos pratos. E assim passamos por esta data como quem passa pelo dia dos pais ou das mães. É importante lembrar que este dia não foi criado por nenhum capitalista num dia inspirado. Foi sim adotado, mas não criado. O criador desta marca foi o próprio Criador, Aquele que tornou tudo o mais possível.



Quando aquela estrela cadente cruzou o céu de Belém, os magos da época sabiam que se tratava de um sinal de Deus. Um sinal diferente de tudo o que já haviam visto. Seguiram em direção ao menino Deus, e quando o encontraram, se encheram de grande alegria. Jesus, nascido entre os animais, de forma simples e humilde como seria sua vida até a morte de cruz. Ali acontecia um marco histórico. Dois mil e quatorze anos depois, veneramos como aqueles magos a presença de Cristo entre nós. Será?

Não é a toa que o tempo litúrgico da Igreja começa com a preparação e nascimento de Cristo. Porque se conta uma história pelo começo. E também porque quem não compreende como tudo aconteceu não estará pronto para amá-Lo e aprender com Ele através de parábolas. O que mais são parábolas senão histórias como as que contamos para as crianças até hoje? Se aprende a entender o mundo através delas. Foi assim que o menino Jesus teve Maria e José para ensinar os primeiros passos e mostrar as pedras que haveriam no caminho. E também Deus, seu Pai celeste, que sempre se fez presente. Assim, quem não ama o Deus Menino não será capaz de amar o Jesus crucificado.


Pensando bem, me admira que a ideia do Papai Noel tenha dado tão certo. Não me preocupo em contar a história de sua criação, afinal muitos já fizeram isso e o Google está aí para todos. Mas falo do abismo existente entre ele e o menino Jesus. Sobretudo aqui no Brasil, um país tropical, onde jamais um idoso se vestiria de gorro e roupa vermelha e encararia o trânsito de trenó. Não temos neve, não temos renas, nem mesmo chaminés temos. Por que vender uma fantasia tão utópica pra nossas crianças? Tudo o que conseguimos é dar a elas um grande sentimento de frustração quando descobrem que de fato nada disso existe.

O menino Jesus não frustra. O menino Jesus não é envolto de fantasia. Não traz presentes da Black Friday. Mas criança gosta mesmo é de criança. E quando se colocam duas crianças, uma ao lado da outra, mesmo que jamais tenham se visto, a amizade acontece de forma natural. Marketing é desnecessário. Sobretudo numa relação onde um deles é o próprio Amor.


Desejo a todos vocês que o Natal seja realmente uma noite repleta do amor de Deus por nós através do nascimento de Cristo. Que a estrela cadente que um dia brilhou no céu traga a luz que falta a nossos corações. E que nossas crianças possam conhecer a verdadeira história do homem que nasceu por cada um de nós.



segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O amor (é pra mim?)

Eu, você, dois filhos e um cachorro. Uma forma de amor simplista, pouco realista, como num belo comercial de margarina. Será que isso é tudo que podemos esperar do amor? Preciso ter filhos? Preciso ter quantos filhos? Cachorro suja muito, pode ser uma tartaruga? Perguntas vazias, que nos afastam cada vez mais deste tão almejado sentimento.




Olhando ao perfil do meu Facebook me deparei com esse breve post sobre amor que fiz meses atrás. Foi o que me motivou a escrever este texto. O primeiro pensamento que tive foi de que muitas coisas aconteceram desde aquele post, o tipo de coisas que mudam seu modo de ver as coisas e principalmente de sentí-las. Muito se desfez e precisou ser refeito por aqui, fatos que posso comentar em uma próxima oportunidade. E passado tudo isso, admiro este post como quem admira um quadro numa parede, mesmo que minha ideia de amor não tenha mudado. Ao menos não muito.

Sim, pegar na mão e levar no japonês é sensacional. Mais há quem acredite que amor seja isso. Quando falo isso, quero dizer que amor é um pouco mais que horas dividindo histórias e sorrisos. Tudo isso leva ao amor, mas não é o próprio. E quanto a tudo mais daquele post, me lembro de uma frase do falecido Padre Léo, fundador da Comunidade Bethânia, na cidade de Lorena/SP:

"Amar é ensinar a caminhar
nunca carregue no colo quem já aprendeu a andar."

Essa frase me marcou muito desde que a ouvi pela primeira vez. Me remete a minha infância, onde um dia minha mãe me ensinou a andar e meu pai me ajudou a abandonar as rodinhas de minha primeira bicicleta e me equilibrar sozinho. Me faz pensar em Maria, que ao ensinar o Menino Jesus a caminhar tornou tantos milagres possíveis. E me faz pensar em cada um de nós hoje, quando esperamos que Deus nos pegue no colo a qualquer momento, enquanto Ele se faz diante de nós de mãos estendidas, esperando por nosso sim.



Ensinar a caminhar é um ato de amor. Sem dúvida. Todos nós já passamos por pessoas que nos ensinaram a dar os primeiros passos. Passos espirituais, inclusive. Assim foi no lava pés, quando Jesus nos deu o exemplo para que façamos como Ele (Jo 13, 15). E assim é e sempre será, a cada dia de nossa estadia na Terra.

Pegar na mão e levar no japonês é bom. Mas leve-a também a conhecer sua história, seus desejos, seus sonhos, quem sabe até seus defeitos. E juntos, de mãos unidas, poderão buscar o verdadeiro caminho, que é Deus, o próprio e verdadeiro Amor.

Traga um pouco mais de você para a vida daqueles com quem convive, e assim o sentimento de amor virá como consequência. Ou será recompensa? Não sei. Deus tem um jeito engraçado de agir. Espero um dia ter mais essa resposta!


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A vaidade

(Imagem: Facebook/Este é alguém)

Egocentrismo.
Qualidade ou caráter do egocêntrico.
Adjetivo.
Aquele que refere tudo ao próprio eu.
Ego.
A parte mais superficial e consciente do id, segundo a psicanálise.
Eu.
Eu mesmo.
Eu, como o centro do mundo.

Se colocar no centro, que atitude tentadora! Imagino que Deus, ao se tornar humano em Jesus, passou por isso, assim como passamos cada um de nós hoje. Podemos julgar que há dois mil e tantos anos era mais fácil, pois não haviam redes sociais, câmeras digitais, inteligências artificiais...afinal, o homem não tinha o mundo ao alcance dos dedos. Doce ilusão.

A vaidade é parte do homem. Fundamental. Melhor dizendo, o amor-próprio é parte constituinte do ser. E a vaidade tornou-se uma forma doentia de amar a si próprio, colocar-se no centro do mundo. Forma essa que tantos de nós compartilhamos e curtimos, diariamente.


O primeiro lugar. A maior ambição. Sobretudo em uma sociedade onde somos educados a competir pelo lugar mais alto do pódio a todo momento. Verdadeiras máquinas de vitórias. Ou fracassos? A criança que bagunça e não tira nota é hiperativa. O homem que não tem um belo carro e um belo salário é incompetente. A mulher que não é capaz de parar o trânsito é falha. E o idoso já é por si só um "zero a esquerda", afinal, "já deu que o que tinha que dar". E aqui nos vemos em uma roda gigante que insiste em rodar e nos deixa enjoados sem saber o motivo.

O culto à imagem. O culto à própria imagem. O culto à persona, máscara que usamos e acreditamos ser. Vivendo em um baile de máscaras, e por estarmos tão distantes, não nos vemos. Não vemos uns aos outros. Saímos da presença das pessoas com a sensação de não conhecê-las de fato. Isso nos perturba? Talvez. Mas logo o alerta sonoro de um smartphone desvia nosso olhar e cala nossa ausência de nós mesmos.


Pobre ilusão esta de estarmos todos conectados, a todo momento. Nesse baile de máscaras, criamos personagens e nos tornamos ídolos em busca de fãs, sedentos por aprovação. Verdadeiros mendigos de likes. Sou de um tempo onde o "troféu joinha" era o pior a se querer. E olha que nem faz tanto tempo! Não faz tão pouco tempo que nos perdemos, mas hoje temos isso bem exposto diante de nossos olhos, mas a velha mania de ver o cisco no olho do irmão e desprezar a trave no próprio olho (Mt 7, 3) continua tão atual quanto a dois mil e tantos anos atrás.

Se estamos perdidos, um dia Cristo nos mostrou o caminho. Ele próprio era o Caminho, a Verdade e a Vida. Olhava nos olhos das pessoas que caminhavam consigo e tratava cada uma delas como únicas. E de lá para cá nada mudou, pois continuamos cada um de nós sendo seres únicos. Basta aprender a olhar para os irmãos com os olhos que Cristo um dia olhou. E então teremos a grata surpresa de refleti-Lo e enxergá-Lo em cada um.

Vivendo em comunhão colocamos Deus no centro, e não nós. Eis a receita.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A noite



(Imagem: Editora Cléofas)

Era 1h20 da manhã quando recebi essa frase no meu celular. Estava na sala de espera de um hospital, aguardando por meu pai, que havia socorrido a pouco. Não pude deixar de refletir nesta afirmação. E pra minha surpresa, senti um alívio imediato. A tempos atrás teria esbravejado, mas não hoje. Deus estava ali comigo, independentemente daquela adversidade. E aí o pensamento fluiu nas noites seguintes...



Se existe um momento do dia onde Deus se faz presente é a noite. Ele está também no dia, na beleza da natureza, no rosto das pessoas. Mas na noite sua presença se faz de modo particular. Deus se faz presente porque nos fazemos presentes com nós mesmos. Meu pensamento é simples. Se fomos feitos a Imagem e Semelhança d'Ele, encontrar-se com a própria essência significa encontrar-se com o próprio Deus. Onde mais poderíamos encontrá-lo senão dentro de nós mesmos?



Afinal, quem nunca colocou a cabeça no travesseiro e se colocou a pensar no dia que passou, na vida que tem passado, que atire a primeira pedra! Não importa com quantas pessoas compartilhou seu dia. No final do dia, são só você e você mesmo. E Deus está em você.






E o pensamento segue: cartas de amor a decifrar. Deus nos fala a todo momento e passamos os dias pedindo para ouvir a voz de Deus...onde está o erro? Será que Deus ainda fala em aramaico? Será que preciso de um mestrado pra entendê-lo? Não. Isso é pouco provável. Se "Deus escreve certo por linhas tortas", somos nós as linhas? É possível. 



A sensação que tenho é que, depois de nos dado o livre arbítrio, Ele nos fala manso, sem fazer alarde. É nosso barulho interior que nos impede de ouví-lo. E é aqui que o silêncio da noite nos aproxima do Pai mais uma vez. Faça essa experiência.



Quer encontrar a Deus?



Encontra-te a ti mesmo.



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Sobre o início...

Irmãos e irmãs em Cristo, sejam bem-vindos!


Como é difícil traduzir em palavras coisas que só a alma é capaz de experimentar! Mas aqui estou e estarei nessa tentativa. Olhando pra minha curta trajetória de vinte e três anos de vida, tão rica de sensações, experiências e testemunhos, muito do que posso fazer é agradecer a Deus. Por estar comigo em todos os momentos, principalmente quando fui incapaz de enxergá-lo. E não existe forma melhor de agradecer a alguém senão pela retribuição. E é aqui que a ideia do blog nasceu.


Este blog é fruto de uma inspiração divina, e minha intenção é que isso esteja claro a todo momento. Se Deus, através de seu Espírito Santo, abençoa seus filhos com dons, meu intuito aqui é colocar alguns dos dons que recebi em prática, pra ser instrumento e anunciar a palavra através de simples abstrações, pensamentos, quem sabe conversas com Deus...em verso ou em prosa...

Não sei onde isso pode me levar. Não tenho grandes ambições. Apesar tenho a certeza de que os planos d'Ele são maiores que os meus, e isso basta. 


Pra início de conversa, faço minhas as palavras da oração de Santo Agostinho, no capítulo XV do livro I de suas Confissões:

Ouvi, Senhor, minha oração, para que não desfaleça minha alma sob a tua lei, nem me canse em confessar tuas misericórdias, com as quais me arrancaste de meus perversos caminhos; que tua doçura sobrepuje todas as doçuras que segui, e assim te ame fortissimamente, e abrace tua mão com toda minha alma, e me livres de toda a tentação até o fim dos meus dias. Pois é, Senhor, meu rei e meu Deus, e a ti consagro quanto falo, escrevo, leio e conto, pois quando aprendia aquelas futilidades, tu eras o que me davas a verdadeira disciplina, e já me perdoaste os pecados de deleite cometidos naquelas vaidades. Muitas palavras úteis aprendi nelas, é verdade; porém, estas também se podem aprender em estudos sérios, e este é o caminho seguro pelo qual deveriam encaminhar as crianças. 



Que as palavras fujam de mim e alcancem os corações amados por Jesus que mais necessitarem delas!


Um grande abraço, e a paz de Cristo!