sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A vaidade

(Imagem: Facebook/Este é alguém)

Egocentrismo.
Qualidade ou caráter do egocêntrico.
Adjetivo.
Aquele que refere tudo ao próprio eu.
Ego.
A parte mais superficial e consciente do id, segundo a psicanálise.
Eu.
Eu mesmo.
Eu, como o centro do mundo.

Se colocar no centro, que atitude tentadora! Imagino que Deus, ao se tornar humano em Jesus, passou por isso, assim como passamos cada um de nós hoje. Podemos julgar que há dois mil e tantos anos era mais fácil, pois não haviam redes sociais, câmeras digitais, inteligências artificiais...afinal, o homem não tinha o mundo ao alcance dos dedos. Doce ilusão.

A vaidade é parte do homem. Fundamental. Melhor dizendo, o amor-próprio é parte constituinte do ser. E a vaidade tornou-se uma forma doentia de amar a si próprio, colocar-se no centro do mundo. Forma essa que tantos de nós compartilhamos e curtimos, diariamente.


O primeiro lugar. A maior ambição. Sobretudo em uma sociedade onde somos educados a competir pelo lugar mais alto do pódio a todo momento. Verdadeiras máquinas de vitórias. Ou fracassos? A criança que bagunça e não tira nota é hiperativa. O homem que não tem um belo carro e um belo salário é incompetente. A mulher que não é capaz de parar o trânsito é falha. E o idoso já é por si só um "zero a esquerda", afinal, "já deu que o que tinha que dar". E aqui nos vemos em uma roda gigante que insiste em rodar e nos deixa enjoados sem saber o motivo.

O culto à imagem. O culto à própria imagem. O culto à persona, máscara que usamos e acreditamos ser. Vivendo em um baile de máscaras, e por estarmos tão distantes, não nos vemos. Não vemos uns aos outros. Saímos da presença das pessoas com a sensação de não conhecê-las de fato. Isso nos perturba? Talvez. Mas logo o alerta sonoro de um smartphone desvia nosso olhar e cala nossa ausência de nós mesmos.


Pobre ilusão esta de estarmos todos conectados, a todo momento. Nesse baile de máscaras, criamos personagens e nos tornamos ídolos em busca de fãs, sedentos por aprovação. Verdadeiros mendigos de likes. Sou de um tempo onde o "troféu joinha" era o pior a se querer. E olha que nem faz tanto tempo! Não faz tão pouco tempo que nos perdemos, mas hoje temos isso bem exposto diante de nossos olhos, mas a velha mania de ver o cisco no olho do irmão e desprezar a trave no próprio olho (Mt 7, 3) continua tão atual quanto a dois mil e tantos anos atrás.

Se estamos perdidos, um dia Cristo nos mostrou o caminho. Ele próprio era o Caminho, a Verdade e a Vida. Olhava nos olhos das pessoas que caminhavam consigo e tratava cada uma delas como únicas. E de lá para cá nada mudou, pois continuamos cada um de nós sendo seres únicos. Basta aprender a olhar para os irmãos com os olhos que Cristo um dia olhou. E então teremos a grata surpresa de refleti-Lo e enxergá-Lo em cada um.

Vivendo em comunhão colocamos Deus no centro, e não nós. Eis a receita.



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